Mesmo com a redução de casos e óbitos por Covid-19, especialistas consideram imprudente e irresponsável a decisão de estados e municípios de promover a reabertura das atividades econômicas. Isso por conta do avanço da variante delta do coronavírus no país. Segundo infectologistas, o Brasil ainda não tem controle da transmissão do vírus nem patamar seguro de pessoas vacinadas para flexibilizar as medidas.
“É arriscado e precoce falar na retirada das restrições. Estamos vendo uma entrada importante da variante delta no país em um momento em que a maioria da população ainda não está com a imunização completa”, diz Alberto Chebabo, vice-presidente da SBI (Sociedade Brasileira de Infectologia).
Dados do próprio Ministério da Saúde mostram que o Brasil tem menos de um terço da população adulta completamente vacinada. Apenas 27,5% dos adultos receberam as duas doses ou imunizante de dose única. Cerca de 67,7% dos adultos só receberam uma dose, quando estudos e dados de outros países mostram que uma única dose de qualquer imunizante fornece pouca proteção contra a delta.
TAXA DE TRANSMISSÃO ALTA
Já foi verificado que no Brasil há circulação comunitária da variante delta, que é mais transmissível e tem escape imune. “Quem só recebeu uma dose não está protegido. Estão planejando a reabertura com a maioria da população ainda sem proteção. Corremos o risco de ter uma onda pior do que a dos Estados Unidos e países da Europa, porque ainda não temos proteção vacinal para a maioria”, diz o infectologista Renato Grinbaum, consultor da SBI.
Para o infectologista Hélio Bacha, “mais uma vez desperdiçamos a possibilidade de agir antes de a situação piorar. Estamos vendo o risco da liberação precipitada e dos riscos da variante delta, mas as autoridades ignoram o que está acontecendo.”
Os especialistas dizem que a queda de internações e mortes é positiva, mas o Brasil ainda tem alta taxa de transmissão. A média móvel de casos se encontra em queda, mas ainda é de 32.462 infecções registradas por dia. “Não diria que as autoridades estão sendo otimistas em planejar a reabertura, mas, sim, irresponsáveis. Vivemos um momento epidemiológico complexo, e falar na retirada de restrições pode provocar mudança no comportamento social que depois vai ser difícil de retroceder”, diz Bacha.
Com informações da Folha de S.Paulo
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