No resgate do 13 de maio, a abolição oficial da escravidão no Brasil, a música Cidadão, de Moraes Moreira, tinha que receber interrogação. Justamente pela realidade que vive a população negra, 133 anos depois.
Primeiro, é importante lembrar que não foi nenhuma bondade gratuita da Princesa Isabel. Teve muitas lutas dos negros escravizados por vários séculos, sendo o símbolo maior Zumbi dos Palmares.
É só imaginar: com o fim da escravidão as pessoas livres se viram obrigadas a buscar moradia. Geralmente em locais precários e afastados dos centros das cidades, e sem meios para sustentar suas famílias.
A COR DA DESIGUALDADE
Ainda hoje, pessoas negras e afrodescendentes continuam sofrendo discriminação e preconceitos. A desigualdade tem cor. Segundo o IBGE, 54% da população são negros; 10% dos mais pobres são constituídos por pretos e pardos; e, 63,7% dos desempregados são negros.
Dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicilio (Pnad) mostram que o analfabetismo entre pretos ou pardos é quase o triplo do que entre brancos. Entre pretos ou pardos com mais de 60 anos, a taxa chega a 27,1%. Para o mesmo grupo etário, entre os brancos, esse percentual é de 9,5%.
Estão sempre nos piores índices; Por isso, é importante o acesso a políticas públicas que promovam igualdade racial no trabalho, no acesso e permanência na educação de qualidade e na representatividade nos espaços de poder.
CAMINHOS
Segundo a deputada estadual e dirigente da UNEGRO (União de Negros pela Igualdade), Olívia Santana (PCdoB), a abolição foi desacompanhada de uma política de inserção social da população negra. “Constituiu um grande exército de despossuídos, marginalizados, que não receberam nenhuma forma de indenização para recomeçar a vida em novas bases”, pontua.
Para ela, “o racismo estrutural, grande legado da escravidão, modelou uma espécie de cidadania racializada para negros e negras, cujas leis supostamente universais não foram capazes de promover a igualdade efetiva entre pessoas negras e brancas”.
Estamos diante de uma abolição inconclusa. É essencial apoiar a luta contra as desigualdades de raça, gênero e classe. Por uma sociedade sem violência e com distribuição da riqueza e superação dos preconceitos e da discriminação.
(foto: Aventuras na História / UOL)
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