Uma pesquisa importante da Universidade de São Paulo (USP) sobre antioxidantes pode ajudar a indústria alimentícia e cosmética. Essas substâncias são importantes para pois retardam o processo de oxidação de produtos ricos em lipídios, como maionese, margarina, cremes hidratantes e afins. Boa parte dos antioxidantes usados atualmente é sintética e, no Brasil, produtos já banidos em outros países, como a TBHQ (terc-butil-hidroquinona), ainda estão em uso.
Na busca por alternativas naturais, um grupo de pesquisadores da USP vem estudando os fenólicos da acerola e conseguiu extrair, do fruto verde, micropartículas antioxidantes tão eficazes quanto a TBHQ. O foco da pesquisa, que conta com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa de São Paulo (Fapesp), é desenvolver um processo que possa ser adotado facilmente em escala industrial.
“Há várias pesquisas que comprovam a presença de compostos antioxidantes em diversas fontes. Mas como fazer para que as substâncias de interesse e com grande potencial de uso possam ser produzidas em escala industrial de forma técnica e economicamente factível? Muitos estudos na área de bioquímica são feitos em bancadas ou com amostras muito pequenas, sem condições de serem levados para a indústria. Nossa meta é trabalhar com processos para a obtenção de produtos, em geral ingredientes, com intenção de aplicação prática”, resume Thais Maria Vieira, professora do Departamento de Agroindústria, Nutrição e Alimentos da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq-USP).
Segundo Bianca Ferraz Teixeira, primeira autora do artigo e bolsista de iniciação científica da Fapesp, “colegas de grupo já estavam trabalhando com a acerola e, em estudos anteriores, compararam frutos verdes e maduros, demonstrando que a acerola verde tem mais compostos antioxidantes que a madura”.
PROCESSOS E TESTES
Para testar a eficácia das micropartículas, as pesquisadoras fizeram uma emulsão à base de óleo, emulsificante e água – semelhante à encontrada em diversos produtos, incluindo maionese, molhos de salada e cosméticos – e separaram as amostras em três grupos: o primeiro foi aditivado com TBHQ, o segundo recebeu as micropartículas de acerola e, o terceiro (grupo-controle) permaneceu sem nenhum aditivo.
COMPOSTOS
Teixeira lembra que a acerola tem grande concentração de ácido ascórbico (vitamina C) – que não é considerado um composto fenólico, mas apresenta atividade antioxidante considerada alta. A pesquisadora reitera que a eficácia da acerola é similar à dos antioxidantes sintéticos. “Foi o primeiro produto, de todos os que testamos em laboratório, que teve o mesmo desempenho. Usamos a TBHQ como baliza por ser uma substância muito eficiente. Mas na França, no Japão e nos Estados Unidos esse antioxidante sintético já praticamente não é usado. Assim, encontrar uma alternativa natural tão eficaz e tão fácil de aplicar é um feito e tanto”, celebra.
GRIFO NOSSO – Mais um feito expressivo de uma importante universidade pública para combater quem quer o desmonte dos serviços públicos e critia nossos pesquisadores. O Brasil precisa de mais universidades públicas para que filhos da população mais carente possam colocar sua inteligência a serviços da sociedade.
com informações do Metrópoles e Agência Fapesp
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