Depois do superfaturamento na compra de tratores (via Orçamento Secreto), outra aquisição suja ainda mais o governo Bolsonaro: a compra e distribuição de caminhões de lixo. O esquema revelado pelo Estadão mostra a proliferação de veículos adquiridos, com suspeita de sobrepreço de R$ 109 milhões, por estatais controladas pelo Centrão. Fica claro que os critérios nada têm de técnicos e, nas redes sociais, o caso já foi batizado de “Bolsolão do lixo”.
O esquema de despejar recursos do orçamento federal em compactadores de lixo é de estranhar: veículos comprados com preços diferentes pelo mesmo órgão público no intervalo de apenas um mês; cidades que precisam de um caminhão e recebem dois, enquanto municípios sem padrinho político não recebem nenhum.
É o funcionamento do chamado Orçamento Secreto, onde quem apadrinha o dono da caneta oficial pode indicar onde e como gastar os recursos, ganha quem pode mais. E poder mais, como mostra a reportagem do Estadão, é estar ligado aos aliados do governo Bolsonaro. De preferência, os do Centrão.
Um exemplo é a cidade alagoana de Barra de São Miguel, comandada pelo pai do presidente da Câmara Arthur Lira (PP), que foi agraciada com três caminhões novos. O município tem menos de 9 mil habitantes. Levando em conta que cada morador de zona urbana de pequenas cidades brasileiras produz em média 0,6 kg de lixo por dia, a frota nova que Lira assegurou para seu pai tem capacidade de coleta 4,6 vezes maior do que produção local de resíduos. E parece não importar se a 80 quilômetros dali, a cidade de Marimbondo, não tenha nenhum.
FARRA
Pelo que se vê dessas compras públicas, a farra com veículos compactadores apenas se escuda na aparência de que toda cidade merece ter seu caminhãozinho de lixo. Mas, com as estatais comandadas pelo Centrão, política pública não se avalia primeiro quem realmente precisa e qual a melhor forma de se aplicar os recursos públicos, o que parece contar é apenas a promoção política.
com informações do Estadão
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