A postura do presidente Jair Bolsonaro ao empunhar, na quinta (30) em Belo Horizonte, a réplica de um fuzil ao lado de uma criança, foi duramente criticada pela Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP). A entidade emitiu nota nesta sexta (1º).
“Não se trata de uma discussão ideológica ou sobre a liberdade da posse, ou não, de arma pelos adultos. O que está em jogo é a vida e a integridade física e emocional de milhares de crianças e adolescentes. Por isso, os pediatras conclamam as autoridades para uma profunda reflexão sobre os efeitos destas ações de mídia e de marketing, que devem se basear na legislação e na ética, e nunca serem maiores que o compromisso com a dignidade da população brasileira”, diz o comunicado.
A SBP cita o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), que garante o direito ao respeito, “que consiste na inviolabilidade da sua integridade física, psíquica e moral, abrangendo, entre outros aspectos, a preservação de sua imagem e valores”.
“A Sociedade Brasileira de Pediatria reitera a importância de a população, em especial autoridades e personalidades públicas, respeitarem a legislação que exige a proteção dos direitos dessa faixa etária. Estudos apontam que crianças são incapazes de distinguir entre uma arma real e armas de brinquedo. Não é por acaso que a cada 60 minutos uma criança ou adolescente morre em decorrência de ferimentos por arma de fogo no Brasil”, destaca a nota.
O evento foi em comemoração aos mil dias de governo e foi transmitido pela TV Brasil. Em um momento, o público gritou em coro, após Bolsonaro empunhar a arma: “O povo armado jamais será escravo”. Em seguida, o presidente agradeceu aos pais da criança por ela estar servindo de “exemplo de civilidade e patriotismo”. “Eu estou com quase 70 anos. Quando eu era moleque, eu brincava com isso, com arma, com flecha, com estilingue. Assim foi criada a minha geração, e crescemos homens fortes, sadios e respeitadores.”
Com informações do BNews
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