O Brasil havia deixado o Mapa da Fome (um levantamento da ONU) em 2014. Segundo estudo do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), com dados de 2001 a 2017, o amplo alcance do programa Bolsa Família reduziu a pobreza em 15% e a extrema pobreza em 25%.
Agora, o País vive, novamente, uma situação crítica. Pesquisa do Instituto Datafolha revela que um a cada quatro brasileiros diz que a quantidade de comida na mesa para alimentar a família foi menor do que o suficiente nos últimos meses, durante a pandemia da Covid-19. Mostra que 88% dos entrevistados disseram perceber que a fome no país aumentou.
Pelo estudo, a situação é mais sentida por mulheres, negros e pessoas menos escolarizadas. Em 35% das casas com crianças de até 6 anos, houve menos comida na mesa do que o suficiente. A fome foi mais sentida também entre moradores da região Nordeste.
A pesquisa mostra que quem recebeu auxílio emergencial do governo em 2021 (valor menor que no ano passado) é quem mais sentiu o peso da fome: 41%. Segundo o economista Francisco Menezes, ex-presidente do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional, a diminuição do auxílio é fator importante para explicar a fome medida pelo Datafolha.
DECISÃO POLÍTICA
A fome não é apenas um flagelo social. Tem relação direta com as decisões políticas tomadas por quem governa a Nação. Se o Brasil saiu do Mapa da Fome e os programas sociais, especialmente o Bolsa Família, tiveram papel importante, é porque a política aplicada foi para essa direção.
Quando o País volta a empobrecer sua população, certamente as políticas de governo (ou a falta delas) estão influindo para isso. O que se vê atualmente é o desmonte dos principais programas sociais, ao lado da falta de um projeto de desenvolvimento.
O Datafolha realizou 2.071 entrevistas presenciais, nos dias 11 e 12 de maio, em 146 municípios. A margem de erro da pesquisa é de 2 pontos percentuais, para mais ou para menos, com nível de confiança de 95%.
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