Uma situação no mínimo estranha. O filho 04 do presidente da República, Jair Renan, foi presenteado com um carro e o grupo empresarial que presentou ganhou mais 18 licenças para explorar áreas de mineração. Isso em meio a uma investigação sobre suposto crime de tráfico de influência e lavagem de dinheiro envolvendo a Gramazini Granitos e Mármores Thomazini, que conseguiu, no fim do ano passado, os alvarás para pesquisar minérios nas regiões sul, sudeste e nordeste do país.
Os decretos foram publicados no Diário Oficial da União (DOU) dos dias 29 e 30 de dezembro de 2021 e possuem validades que vão de dois a três anos. O grupo capixaba é composto por 17 mineradoras e deu a “04” um carro elétrico avaliado em R$ 90 mil, conforme informações divulgadas pelo jornal O Globo no início do ano passado.
Vale lembrar que, um mês após a doação, em outubro de 2020, a firma agendou um encontro com o ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, do qual Jair Renan também participou. A situação despertou a atenção do Ministério Público Federal (MPF), que instaurou um procedimento preliminar para investigar o caso. Pouco tempo depois, em dezembro, o filho do presidente foi intimado pela Polícia Federal (PF) para depor no inquérito.
Somadas, as áreas de nove das autorizações, concedidas em apenas dois dias, chegam a 6.868,85 hectares. O tamanho das demais não foi informado. A maioria delas fica em Minas Gerais, nos municípios de Eugenópolis, Vieiras, Poté, Divino das Laranjeiras, Mendes Pimentel, Governador Valadares, Grão Mogol, Conselheiro Pena, Goiabeira, Cristália, Malacacheta e Galileia. Mas há também estudos de mármore, granito e quartzito previstos em Tenente Ananias (RN), Rio Branco do Sul (PR), Cerro Azul (PR) e Tunas do Paraná (PR).
RECEBIMENTO DE VANTAGENS
Segundo a reportagem de O Globo, desde setembro de 2019 o Grupo Thomazini recebe um benefício fiscal, concedido pela Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene), de 75% no pagamento do Imposto de Renda de Pessoa Jurídica (IRPJ), válido até 2028. Isso significa que apenas 25% é pago. Um levantamento no DOU mostra também que, só no ano passado, a empresa recebeu pelo menos 15 autorizações da Agência Nacional de Mineração (ANM) para prospectar novas áreas.
A investigação envolvendo Jair Renan tramita na Superintendência da PF do Distrito Federal. O inquérito aponta que ele é associado com outras pessoas “no recebimento de vantagens de empresários com interesses, vínculos e contratos com a Administração Pública Federal e Distrital sem aparente contraprestação justificável dos atos de graciosidade”.
com informações do Jornalistas Livres
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