Despencando nas pesquisas e no colo do Centrão, o presidente Jair Bolsonaro começou a difundir a tese de que sem voto impresso não haverá eleições em 2022. Esperava-se que as Forças Armadas se mantivessem neutras, mas as declarações do ministro da Defesa, Braga Neto, e um posicionamento da cúpula dessas instituições, alinhado a ideia do presidente, deixou Brasília em alerta.
Em sua coluna no OUL, a jornalista Tahís Oyama relata a fala de um integrante da cúpula das Forças Armadas: “Queremos eleições com resultados justos e verificáveis. Se isso não ocorrer, haverá confusão e a confusão cairá no colo dos militares”.
Por isso, lideranças da Câmara Federal querem a convocação do general Braga Neto para dar explicações. A vice-líder da minoria, Jandira Feghali (PCdoB-RJ), diz que, se for verdade, o parlamento brasileiro precisa reagir à altura. “O presidente da Câmara e os lideres devem reafirmar a democracia, a autonomia do poder legislativo e a Constituição. Esta ameaça às vésperas da votação sobre o voto impresso é mais uma vez uma pressão indevida e uma indicação de ruptura institucional. Precisamos por um ponto final nesta história”, afirmou.
O caldo começou a engrossar, segundo reportagem do Estadão, quando Braga Neto usou um interlocutor para mandar um recado ao presidente da Câmara, no dia 8. “O general pediu para comunicar, a quem interessasse, que não haveria eleições em 2022, se não houvesse voto impresso e auditável. Ao dar o aviso, o ministro estava acompanhado de chefes militares do Exército, da Marinha e da Aeronáutica”, diz a reportagem.
APOIO AO GOLPE
Segundo O Globo, Arthur Lira negou ter recebido o recado de Braga Netto, que afirmou ser a apuração do jornal “uma invenção”. Em que pese o “disse me disse”, fato é que o general apoia a ameaça de Bolsonaro, da mesma forma que os três comandantes das Forças.
De acordo com Tahís Oyama, “os chefes do Exército, da Marinha e da Aeronáutica escoram esse apoio em dois argumentos, um pronto para consumo público e outro restrito às conversas militares privadas.
O argumento público é de que ao condicionar a realização das eleições à criação do voto impresso, as Forças Armadas não estariam se alinhando ideologicamente com Bolsonaro, mas sim, se empenhando em evitar um “grave conflito social” que poderá advir de uma eleição que tenha sua lisura questionada.” Em privado, porém, a conversa é outra — e ela cita explicitamente o ex-presidente Lula. Diz esse integrante da cúpula das Forças: “O sentimento dos militares — incluindo o dos três comandantes— é de que não irão conseguir fazer Lula subir a rampa do Palácio do Planalto de qualquer jeito”. O petista é execrado por nove entre dez generais do Exército, com igual rejeição na Marinha e Aeronáutica.
Com informações do UOL
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