Com eficácia comprovada, o método de ensino cubano, com influência do professor Paulo Freire, é a base da parceria entre MST, Uneb e Governo do Estado para acelerar a alfabetização de adultos na Bahia. O “Sim, eu posso alfabetizar a Bahia!” envolve agricultores, idosos e trabalhadores das mais diversas idades.
Em quatro meses, o projeto prevê formar 4,5 mil alunos, divididos em 300 turmas, espalhadas por 16 municípios. As aulas são ministradas a partir de uma telenovela, exibida em 64 capítulos ao longo de 16 semanas, com duas horas de aulas, de segunda a quinta, sempre acompanhadas com atividades complementares e avaliação dos monitores.
O método foi desenvolvido em Cuba e aplicado pela primeira vez em 1961, utilizando camponeses como professores. A estratégia foi decisiva para a erradicação do analfabetismo no país do Caribe.
UNEB À FRENTE
Na Bahia, a Uneb selecionou o corpo docente, formado por profissionais de diversas áreas, sem a obrigatoriedade de serem professores. Para os coordenadores de cada núcleo é exigido nível superior. Já para atuar nas salas de aula basta possuir o ensino médio. As novelas, originalmente em espanhol, foram regravadas e contaram com a participação do ator Chico Diaz. Os ‘pen drives’ com os conteúdos são distribuídos para cada núcleo de 15 alunos, em média, e o compartilhamento é proibido.
Síntia Paula Carvalho, coordenadora estadual de educação do MST na Bahia, destaca a inclusão proporcionada pelo projeto. “Tem um público grande de idosos, mas também tem adultos, jovens ciganos, ribeirinhos, quilombolas e moradores de periferia”, detalha. Ela ainda chama a atenção para a necessidade do acolhimento por parte dos alfabetizadores. “Alguns não sabem nem pegar no lápis”.
EFICÁCIA E CAPACITAÇÃO
A estratégia já foi testada no Brasil, aplicada em estados como Ceará, Minas Gerais, Alagoas e Rio de Janeiro, há mais de uma década. Apenas no Maranhão, foram 10 mil alfabetizados pelo “Sim, eu posso”. Na Bahia, desde 2019, o MST busca a parceria para a implantação do programa.
Segundo a professora Maria do Socorro da Costa e Almeida, alfabetizar não é um termo correto. Doutora em educação e contemporaneidade, ela atua na pró-reitoria de extensão da Uneb e coordenou todo o processo de seleção dos alfabetizadores. “São pessoas que buscam letramento, não analfabetos”, diz a acadêmica, lembrando a máxima do patrono da educação brasileira e um dos inspiradores do ‘Sim, eu posso’, Paulo Freire, segundo quem “cada sujeito é leitor do mundo”.
Maria do Socorro diz que todos os coordenadores e alfabetizadores selecionados pela Uneb passaram por uma capacitação intensiva, de cinco dias. Uma das coisas que se aprende no treinamento é que qualquer lugar pode ser sala de aula. O “Sim, eu posso” acontece em igrejas, associações comunitárias, assentamentos do MST, terreiros de candomblé, nas casas dos alfabetizadores, em garagens e, até, em escolas.
com informações do A Tarde
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