Recentemente, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) recebeu R$ 17 milhões em doações de apoiadores, via Pix. Em tese, o valor seria para pagar multas de vários processos, como a dívida de quase R$ 1 milhão, que não foi quitada. A penalidade foi aplicada pelo estado de São Paulo devido ao descumprimento das normas sanitárias durante a pandemia da Covid-19.

E o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) descobriu e classificou essa movimentação como “atípica”. Revelou ainda que o ex-presidente investiu o valor em renda fixa. A quantia corresponde ao valor que ele recebeu através do Pix no primeiro semestre de 2023. Segundo o órgão, Bolsonaro optou por investir em títulos como Certificado de Depósito Bancário (CDB) e Recibo de Depósito Bancário (RDB), segundo relatório elaborado pelo órgão e divulgado pelo jornal O Globo neste sábado (29).

IRONIA

Durante evento do PL Mulher, em Florianópolis (SC), que tem Michelle Bolsonaro como principal figura, Bolsonaro falou sobre os R$ 17 milhões. No local, chegou a interrompeu a mulher para discursar por alguns minutos.

Para variar, o ex-presidente minimizou os dados do Coaf. Disse que vai usar o dinheiro doado por apoiadores para pagar multas e riu ao acrescentar que ainda sobraria recursos para ele e a esposa. “Ainda sobra dinheiro para tomar um caldo de cana e um pastel com a dona Michelle”, afirmou.

RESUMO DA ÓPERA – Na verdade, atualmente, o ex-presidente tem vivido momentos de apreensão (inelegibilidade, diversos processos e caso Marielle batendo na porta da família). As ironias surgem para tentar minimiza a situação complicada que vive após ser derrotado nas eleições. A cada momento que o cerco se fecha em algum tema espinhoso, percebe-se sua angústia, que logo vem seguida de desdém e críticas ao Judiciário e opositores. Interessante é ver que os mesmos que o apoiam, criticando práticas que consideram corrupção por parte de outras pessoas, doam dinheiro para alguém que se tornou milionário com práticas suspeitas e alvos de investigação. Ninguém esquece: quase metade do patrimônio em imóveis do ex-presidente e familiares mais próximos foi construída nas últimas três décadas com uso de dinheiro em espécie (levantamento realizado pelo UOL). Foram R$ 13,5 milhões (em valores corrigidos pelo IPCA – até 2022, chegou a R$ 25,6 milhões). Inaceitável para uma pessoa pública que ganhou uma eleição pregando moralidade e transparência. Ao que se vê, só para os outros.

com informações do iG