Um levantamento feito a partir de dados da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) Contínua, do IBGE, e compilados por pesquisadores do FGV Ibre (Instituto Brasileiro de Economia, da Fundação Getulio Vargas) ajuda a definir o perfil atual dos desempregados no Brasil, reflexo da pandemia de Covid-19.
Coordenador do estudo, o economista Fernando de Holanda Barbosa Filho avalia que a queda acentuada e a posterior recuperação da taxa de participação se concentrou nos trabalhadores mais pobres e menos escolarizados e se deve aos efeitos da pandemia no mercado de trabalho.
Os trabalhadores de menor renda, menos escolarizados e mais jovens foram os que mais contribuíram para a perda da taxa de participação no mercado de trabalho desde a pandemia de Covid-19. Comparando o quarto trimestre de 2019 e o primeiro trimestre deste ano, a perda de participação entre os trabalhadores vindo de domicílios com renda do trabalho por pessoa de até R$ 325,00 foi de 5,37%.
Nesse mesmo comparativo, a participação das faixas de renda mais altas até subiu, apesar das dificuldades impostas pela crise sanitária. Ela aumentou 1% para os que ganham entre R$ 3.901 a R$ 6.500.
Observando o grau de formação, as perdas entre o fim de 2019 e o começo de 2023 são de 3,02% para os trabalhadores com até o ensino fundamental incompleto e de 5,63% para os que têm o ensino fundamental e não terminaram o ensino médio. As perdas foram de 1,74% a 1,5% para os trabalhadores que tinham de 30 a 39 anos e de 14 a 17 anos, respectivamente.
EVOLUÇÃO
Segundo o estudo, a taxa de participação mostra a força de trabalho (pessoas ocupadas mais as que estão desocupadas) proporcionalmente à população em idade de trabalhar, aqueles com 14 anos ou mais. Uma taxa menor significa uma redução no número de pessoas trabalhando ou buscando trabalho. A queda também acaba mascarando os dados de desemprego, já que a taxa de desocupação torna-se mais baixa.
Pouco antes da pandemia (dezembro de 2019 a fevereiro de 2020), a taxa de participação da força de trabalho atingia 63,4%. Entre maio e julho de 2020 ficou 56,7%. Com o avanço da vacinação e a reabertura dos setor de comércio e serviço, subiu para 62,7% (julho a setembro de 2022). Mas, voltou a cair para 61,6% (primeiro trimestre de 2023).
O desemprego no primeiro trimestre de 2023, segundo o IBGE, era de 8,8%. Caso a taxa de participação tivesse se mantido nos 63,4% do pré-pandemia, mais 3,4 milhões estariam na força de trabalho e o desemprego, então, seria de 11,3%, segundo estimativa dos pesquisadores.
BOLSA FAMÍLIA
A partir de 2022, a saída desses grupos do mercado de trabalho pode estar ligada ao aumento do valor real do programa Bolsa Família. “Uma hipótese é que as pessoas estão esperando uma oferta melhor para sair de casa para trabalhar, isso de certa forma reduz a oferta de trabalho. Já existia em tese em relação com o Bolsa Família, mas ela parece mais visível depois da mudança no patamar do benefício”, afirma Barbosa Filho, ponderando que os dados disponíveis não são suficientes para provar essa relação.
“Outro aspecto importante para ressaltar é que os grupos de menor escolaridade e de menores salários são os que estão mais vulneráveis, em ocupações mais frágeis e com maior risco de demissão. Acabam saindo do mercado de trabalho”, diz Barbosa Filho.
GRIFO NOSSO – Faltou a raça e a cor: negra!
com informações do Bahia Notícias
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