Na conclusão das investigações sobre o escândalo das joias, a Polícia Federal (PF) aponta que Jair Bolsonaro teve participação no desvio ou na tentativa de desvio de mais de R$ 6,8 milhões em presentes como esculturas, joias e relógios, recebidos de países estrangeiros em razão de sua condição de mandatário do Brasil.
A PF apurou a existência de uma associação criminosa cujo objetivo seria, especificamente, desviar e vender objetos de valor recebidos pelo ex-presidente como presente oficial. Para chegar a esta conclusão, a instituição se baseou numa troca de mensagens entre Bolsonaro e seu ex-ajudante de ordens, o coronel Mauro Cid , em um aplicativo de conversa. Na ocasião, o ex-presidente recebeu o link do leião e respondeu com a palavra “selva”, saudação comum no Exército e que pode ser interpretada como um “ok”.
“Identificou-se ainda que os valores obtidos dessas vendas eram convertidos em dinheiro em espécie e ingressavam no patrimônio pessoal do ex-presidente da República, por meio de pessoas interpostas e sem utilizar o sistema bancário formal, com o objetivo de ocultar a origem localização e propriedade dos valores”, diz o relatório.
Com isso, Bolsonaro e mais 11 pessoas foram indiciadas na semana passada pelos crimes de peculato, associação criminosa e lavagem de dinheiro. O relatório sobre a investigação foi entregue no protocolo do Supremo Tribunal Federal (STF), na sexta (5). O sigilo do documento da PF foi derrubado nesta segunda (8) pelo ministro Alexandre de Moraes, relator do caso no Supremo. Ele encaminhou o processo para análise da Procuradoria-Geral da República (PGR), a quem cabe agora analisar se arquiva o caso ou denuncia os indiciados. É possível também que o órgão solicite nova coleta de provas.
ASSOCIAÇÃO CRIMINOSA
O documento assinado pelo delegado responsável Fábio Shor conclui que “os elementos acostados nos autos evidenciaram a atuação de uma associação criminosa voltada para a prática de desvio de presentes de alto valor recebidos em razão do cargo pelo ex-presidente da República Jair Bolsonaro e/ou por comitivas do governo brasileiro, que estavam atuando em seu nome, em viagens internacionais, entregues por autoridades estrangeiras, para posteriormente serem vendidos no exterior”.
De acordo com o relatório, parte do dinheiro pode ter sido utilizado para custear a estadia de Jair Bolsonaro nos Estados Unidos, para onde foi um dia antes de deixar a Presidência da República e onde permaneceu por mais de três meses.
com informações do iG e Revista Fórum
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