Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que, na Bahia, os negros representam 79% dos empresários. Mesmo assim, os desafios e as dificuldades são grandes. O Sebrae entrevistou mais de 330 afroempreendedores baianos e lançou os resultados de uma pesquisa recente. Entre as principais dificuldades estão entraves no acesso ao crédito e falta de conhecimento de gestão.
Segundo o analista do Sebrae, Anderson Teixeira, as questões raciais, de fato, impactam nos negócios de empreendedores negros. “Questões de uma sociedade que é racista e é elitista, naturalmente aparecem como dificuldades para esses empreendedores. Impactam em pontos como o faturamento, que para a grande maioria não ultrapassa quatro salários, um valor do faturamento que ainda é baixo para que o empreendedor possa se desenvolver no mercado, crescer, inovar”, analisa.
REPRESENTATIVIDADE
Para Teixeira, outro destaque da pesquisa vai para o aspecto da representatividade. Termos como ‘black money’, usado para designar o capital que circula dentro dos negócios e da própria comunidade negra, são desconhecidos mesmo entre os empreendedores. Entre os entrevistados, 57% afirmaram não conhecer a denominação.
De acordo com o analista, os números mostram a necessidade de fortalecer cada vez mais a rede de afroempreendedores. “Esse trabalho mais didático e feito em rede, para fortalecer essa comunidade, é muito importante. Importante também que toda sociedade ajude, indique afroempreendedores, contrate, compre, para que essa comunidade, esse movimento, possa se fortalecer”, afirma.
Pensando nessa representatividade, Aline Santana criou a Carminha, loja de cosméticos para cabelos crespos e cacheados. A empresa investe em ações que marquem a representatividade negra. “A autoestima da mulher negra é construída, e o cabelo é como se fosse a nossa moldura. Eu mesma percebi, lá atrás, como eu conhecia poucas personalidades negras, então na empresa a gente faz esse pequeno ato de resistência para que a mulher negra se sinta pertencente e representada”, detalha.
Entre as iniciativas estão o envio de cards com informações sobre personalidades negras junto aos produtos e a produção de uma revista sobre a beleza negra. Os cards já homenagearam mais de 40 personalidades, como Martin Luther King, Nilo Peçanha, a atriz e poetisa Elisa Lucinda, a ministra da Cultura, Margareth Menezes e a baiana de acarajé Dinha.
CREDIAFRO
Para fortalecer os empreendedores e facilitar o acesso ao crédito para seus negócios, o governo da Bahia lançou, em homenagem ao Dia da Consciência Negra, o CrediAfro. Trata-se de uma linha de crédito exclusiva para negócios liderados por pessoas negras. A iniciativa tem a parceria entre a Secretaria de Promoção da Igualdade Racial (Sepromi) e a Agência de Fomento do Estado (Desenbahia). O CrediAfro oferece empréstimos de até R$ 50 mil. A expectativa é chegar ao total de R$ 10 milhões em crédito, com juros de apenas 1% ao mês.
com informações do governo estadual
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