Quem sofre com alergias graves poderá, em breve, contar com um novo medicamento, desenvolvido por um grupo de pesquisadores brasileiros: a primeira caneta de adrenalina autoinjetável do país. Ela é aplicada pelo próprio paciente, em casos de reação alérgica grave e potencialmente fatal, quadro médico conhecido como anafilaxia. A Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (Asbai) diz que a adrenalina é o único medicamento disponível capaz de tratar casos de anafilaxia.
Mas, esse modelo só pode ser adquirido no Brasil por importação, o que torna o custo extremamente elevado. Segundo o pesquisador da Fiocruz, Renato Rozental, que coordena a equipe responsável pela descoberta, não se trata de uma inovação radical. “Você encontra essa caneta com facilidade na Europa, na América do Norte, na Ásia, na Oceania. A grande pergunta é: por que demorou tanto tempo pra termos isso acontecendo no Brasil?”, indaga.
Rozental lembra que, desde 2018, com a quebra do monopólio, opções genéricas da caneta no mercado externo fizeram com que o preço do dispositivo caísse substancialmente. “Mas continuava exorbitante. Pra quem tem seguro de saúde, caríssimo lá fora, o preço chega a US$ 100. Quem não tem seguro paga até US$ 700. No Brasil, pessoas que têm condições, por meio de processos de judicialização, conseguem importar, mas o preço ainda está nas alturas. Importar uma caneta por R$ 3 mil ou R$ 4 mil é algo fora da realidade brasileira”, destaca
ANVISA
O médico ressalta que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) fechou acordo de bilateralidade com a agência norte-americana FDA. A proposta é agilizar a entrada, no Brasil, de medicamentos já aprovados nos Estados Unidos. “A Anvisa teria acesso a esses resultados de forma direta, apesar de serem confidenciais. Isso facilitaria muito a aprovação de qualquer dispositivo no Brasil. É um processo que vamos discutir na semana que vem [dia 15], em Salvador, onde teremos um representante da Anvisa que lida especificamente com isso”, disse, ao se referir ao Congresso Brasileiro de Alergia e Imunologia.
Renato Rozental falou do potencial brasileiro. “Do nosso lado, teríamos condições de, em 11 meses, ter essa caneta de adrenalina pronta para distribuição no país. Mas vai depender dessa discussão na próxima semana, do reconhecimento e da liberação pela Anvisa. Não está nas nossas mãos”, pondera.
com informações da Agência Brasil
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