Conhecido pelo quadro Mitos e Verdades da Alimentação, exibido no programa Domingo Espetacular da Record, o jornalista Arnaldo Duran foi demitido no fim do ano. Sua saída mostra a face perversa do bispo Edir Macedo, fundador da Igreja Universal do Reino de Deus e dono da TV. Durante entrevista ao portal Metrópoles, ele disse que doou quase R$ 1 milhão de reais à igreja, mas ficou sem plano de saúde, no momento que enfrenta uma doença rara.
“Me deixar sem plano de saúde é crueldade”, desabafou ele, que foi diagnosticado com síndrome de Machado-Joseph, uma doença degenerativa do sistema nervoso. “O dono da Life Empresarial é o bispo Macedo. Então, ele mandou embora, um funcionário doente, é dono do plano de saúde, não vai pagar o plano de saúde desse funcionário. Me deixar sem plano de saúde é de uma crueldade muito grande, é muito ruim. Me sinto mal de falar sobre isso”, emocionou-se.
Do total doado, ele só tem recibos de metade. “Tenho tudo com recibo, fora o dinheiro que eu dava sem recibo. Grande parte era com recibo do banco. Doei o dinheiro porque acreditava muito no que eles falavam. Só depois que descobri que aquilo é uma grande mentira”, disse.
ABSURDOS
O jornalista revelou absurdos sobre sua relação com a Universal no período em que trabalhou na emissora. Ele contou que acreditava no que a religião pregava e, por isso, fez serviços voluntários nas igrejas e ações publicitárias.
“Eu dava dinheiro pra Universal porque fui enganado, acreditava no que eles falavam, achava que era sério aquele negócio lá. Então, todo mês antes de pegar um centavo do meu salário, eu fazia um TED ou DOC do dízimo. E sempre dava a mais do que os 10%. Porque eles sempre pregavam dar mais. Uma pedição de dinheiro que me envolvia e fazia acreditar. Claro que eu não tinha vontade de dar mais, só que eu obedecia. Eles falavam muito da obediência”, lembrou.
CRUELDADES
Outra perversidade foi relatada por Duran: teve cheques protestados pela instituição. “Logo no começo, em 2010, dei muito cheque pré-datado para as campanhas da igreja de valores altos e, quando voltavam, por estarem sem fundo, eles reapresentavam, não perdoavam. Não adiantava pedir para segurarem um dia. Eu ia resgatar esses cheques no escritório central da igreja, em Santo Amaro, São Paulo, antes da construção do Templo de Salomão”, lembrou.
O jornalista relatou que fazia trabalhos para a igreja, mas se quisesse ver o resultado, tinha que pagar: “Nunca recebi um centavo por isso. Se eu quisesse ver o resultado, eu tinha que fazer a assinatura da UniverVídeo porque não liberavam. Então, trabalhei de graça e ainda paguei pra ver”, desabafou. E disparou: “As mentiras que as pessoas pregam é pior que lixo. Eles não têm moral nenhuma pra dirigir uma igreja”.
Arnaldo Duran detonou a empresa. “A minha demissão foi um ato desumano. Além de tudo, a Record espalhou que me demitiu por causa do salário alto. Já me queimou no mercado. [Os contratantes pensam] ‘eu não vou contratar o cara porque ganha, não tenho dinheiro pra pagar’. E espalhou pelo mundo inteiro também que eu tenho a doença neurológica degenerativa”, queixou-se.
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