Por dois dias, cerca de 100 mil mulheres, do campo e da cidade de todo o Brasil, ocuparam Brasília com as bandeiras da 7ª Marcha das Margaridas, que foi encerrada nesta quarta (16). Dirigentes da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) reforçaram o movimento das trabalhadoras, agricultoras e assalariadas rurais. O presidente Lula (PT) falou da violência política, lembrando o período que estava preso e citando a morte de Margarida Alves, trabalhadora rural paraibana morta a tiros na porta de casa em 1983. O petista lançou um pacote de medidas em benefício das mulheres (veja ao final).
Durante o ato, a ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, destacou que o governo federal quer ficar mais próximo da população. “Essa marcha está em Brasília, mas, a partir de agora, são o governo e o Ministério das Mulheres quem vão marchar até vocês, para que nós possamos, de fato, garantir resultados e efetividade das políticas públicas para as mulheres brasileiras”, enfatizou.
Para a presidenta da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras (CTB) na Bahia, Rosa de Souza, o movimento mostra a mobilização firme das mulheres. “É a demonstração da força das mulheres do campo, com o apoio das mulheres da cidade e dos sindicatos brasileiros. Vamos atuar com nossa autonomia para ajudar o governo Lula na reconstrução do Brasil. É hora de todos os segmentos se mobilizarem pelos avanços que precisamos, para o país se desenvolver com valorização do trabalho, ampliação dos direitos e respeito às mulheres. Por isso, celebramos mais essas medidas anunciadas pelo presidente”, destacou.
Coordenadora da Marcha e secretária de Mulheres da Confederação Nacional dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares (Contag), Mazé Morais agradeceu a Lula pelo diálogo feito com os ministérios. “A marcha de 2023 – diferentemente da marcha de 2019, que foi a marcha da resistência – é, agora, a marcha da reconstrução do Brasil e do bem viver. (…) Quando uma mulher avança, nenhum homem retrocede”, afirmou.
PACTO NACIONAL E NOVAS AÇÕES
Durante o evento, o presidente Lula criou um pacto nacional de prevenção a feminicídios. “Os poderosos, os fascistas, os golpistas podem matar uma, duas ou três margaridas, mas jamais resistirão à chegada da primavera (…) “É preciso criar uma cultura de respeito no campo e nas cidades. Não toleraremos mais discriminação, misoginia e violência de gênero. Não podemos conviver com tantas mulheres sendo agredidas e mortas diariamente dentro de suas casas, como também não é possível achar normal que, exercendo a mesma função, uma mulher ganhe menos que um homem”, disse.
Além do pacto, Lula anunciou um pacote de decreto para as mulheres. No Plano Emergencial de Reforma Agrária, a pontuação para famílias chefiadas por mulheres no processo de seleção para ter acesso à terra será dobrada. O petista também assinou decretos, retomando ou instituindo iniciativas de governo para as mulheres:
>> Programa Quintais Produtivos para promover a segurança alimentar e nutricional de mulheres rurais;
>> Seleção de famílias e retomada da reforma agrária;
>> Comissão de enfrentamento à violência no campo;
>> Grupo de trabalho interministerial para o Plano de Juventude e Sucessão Rural, destinado a oferecer serviços públicos para a população jovem da agricultura familiar e ampliação das oportunidades de trabalho e renda para esse público;
>> Programa Nacional de Cidadania Bem Viver para as Mulheres Rurais, para retomada de programa nacional de documentação da trabalhadora rural;
>> Pacto Nacional de Prevenção aos Feminicídios;
>> Retomada da Política Nacional para os Trabalhadores Empregados, para fortalecer os direitos sociais desses operários; e
>> Retoma o Programa Bolsa Verde, que faz pagamentos a famílias de baixa renda inseridas em áreas protegidas ambientalmente.
com informações da Agência Brasil e CTB Nacional
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