No mundo atual, com vários conflitos, não se pode descartar a tese de que uma guerra ou várias produzem o triste paradoxo: milhões de pessoas inocentes morrem e alguns empresários do setor de tecnologia e armamentos lucram com esses horrores. Um relatório do Instituto Internacional de Pesquisa para a Paz de Estocolmo (Sipri), publicado nesta segunda (22), revela que os gastos militares globais (2023) tiveram seu maior aumento desde 2009: 6,8%, chegando ao valor recorde de US$ 2,4 trilhões (cerca de R$ 12,48 trilhões na cotação de hoje).
Segundo o estudo, os gastos são mais notáveis na Europa, Oriente Médio e Ásia. Os líderes nessa conta mortal são: EUA, China e Rússia. “Os gastos militares globais atingiram o pico e, pela primeira vez desde 2009, aumentaram em todos os cinco continentes”, disse Nan Tian, pesquisador do Sipri.
O massacre de Israel contra os palestinos e as tensões no Oriente Médio já levaram ao maior aumento de gastos na região nos últimos dez anos: 9%, chegando a US$ 200 bilhões. Somente os gastos militares de Israel – os segundos maiores da região, depois da Arábia Saudita – aumentaram 24%, chegando a US$ 27,5 bilhões (R$ 143 bilhões).
Uma surpresa para os pesquisadores foi que o maior aumento percentual de 2023 (de 105%) coubesse ao Congo. Lá, existe um conflito prolongado entre o governo e grupos armados não estatais. “O que nos surpreendeu foi o tamanho do aumento no resto do mundo, especialmente na América Latina e na África”, disse o pesquisador Xiao Liang.
OUTROS CONFLITOS
O relatório revela que, no México e em El Salvador, os governos usam as forças armadas no combate ao crime organizado e à violência de gangues. São tendências preocupantes e semelhantes no Equador e no Brasil, que aumentou seus gastos militares em 3,1%, chegando a US$ 22,9 bilhões (R$ 119,08 bilhões).
Também chamaram a atenção no relatório outros fatos: no Sudão do Sul, com violência interna e guerra civil, os gastos militares aumentaram 78%, comparando 2023 e 2022. Com a ameaça russa, a Polônia teve o maior aumento entre os europeus, de 75%, chegando a US$ 31,6 bilhões. O Irã está em quarto lugar no Oriente Médio, com gastos militares de US$ 10,3 bilhões.
“A segurança militar voltou a ser uma prioridade em muitos países. Além disso, como mostram o exemplo da Ucrânia e os recentes ataques iranianos a Israel, defender-se é muito mais caro do que o atacar. O exemplo dos ataques com drones iranianos, tanto na guerra da Ucrânia como contra Israel mostra que o esforço de defesa contra eles é extremamente caro”, observa o cientista político Niklas Schörnig, do Instituto Leibniz de Pesquisa sobre Paz e Conflitos.
Com informações da DW Brasil (DW é um site da Alemanha)
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