Com grande expectativa sobre o posicionamento brasileirona na Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP28), em Dubai, o presidente Lula (PT) subiu o tom. “O planeta está farto de acordos climáticos não cumpridos, de metas de redução de emissão de carbono negligenciadas, de discursos eloquentes e vazios e do auxílio financeiro aos países pobres que não chega. O planeta já não espera para cobrar da próxima geração”, afirmou nesta sexta (01/12).
O brasileiro disse que a humanidade sofre com secas, enchentes e ondas de calor cada vez mais extremas e frequentes, e lembrou a seca no Norte do Brasil e as enchentes no Sul. “A Amazônia amarga uma das mais trágicas secas de sua história. No Sul, tempestades e ciclones deixam um rastro inédito de destruição e morte. A ciência e a realidade nos mostram que desta vez a conta chegou antes”, destacou.
Lula colocou os grandes na parede. “Quantos líderes mundiais estão de fato comprometidos em salvar o planeta? Somente no ano passado, o mundo gastou mais de US$ 2 trilhões em armas. Quantia que poderia ser investida no combate à fome e no enfrentamento da mudança climática. Quantas toneladas de carbono são emitidas pelos mísseis que cruzam o céu e desabam sobre civis inocentes, sobretudo crianças e mulheres famintas?”, perguntou.
CONTA É DIFERENTE
Ainda segundo o presidente, a conta das mudanças climáticas não é a mesma para todos. “Chegou primeiro para as populações mais pobres. O 1% mais rico do planeta emite o mesmo volume de carbono que 66% de toda a população mundial. O mundo naturalizou disparidades inaceitáveis de renda, gênero e raça”, enfatizou.
Para Lula, não é possível enfrentar o problema sem combater as desigualdades. “Quem passa fome tem sua existência aprisionada na dor do presente. E torna-se incapaz de pensar no amanhã. Reduzir vulnerabilidades socioeconômicas significa construir resiliência frente a eventos extremos. Significa também ter condições de redirecionar esforços para a luta contra o aquecimento global”, frisou.
PAPEL DA ONU
O chefe do Executivo afirmou que é preciso resgatar a crença no multilateralismo. “É inexplicável que a ONU, apesar de seus esforços, se mostre incapaz de manter a paz, simplesmente porque alguns dos seus membros lucram com a guerra. É lamentável que acordos como o Protocolo de Kyoto ou os Acordos de Paris não sejam implementados”, criticou.
Ao final, Lula apontou que nenhum país resolverá seus problemas sozinho. “Estamos todos obrigados a atuar juntos além de nossas fronteiras. O Brasil está disposto a liderar pelo exemplo”, disse, citando os ajustes das metas climáticas brasileiras, a redução do desmatamento na Amazônia e o que chamou de industrialização verde, agricultura de baixo carbono e bioeconomia.
com informações da Agência Brasil
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