O Brasil celebra o 20 de Novembro, Dia da Consciência Negra, refletindo sobre o racismo no País, em pleno Século 21. Além do problema na sociedade em geral, os sindicatos se preocupam com ele no mercado de trabalho. Uma pesquisa feita pela empresa CEGOS, de treinamento e desenvolvimento, para a CNN Brasil, mostra que 75% das empresas brasileiras apontam o racismo como principal discriminação no ambiente de trabalho, seguido por opiniões políticas (42%) e aparência física (37%).
O estudo ouviu mais de 4 mil profissionais de RH em sete países: Brasil, França, Alemanha, Itália, Grã-Bretanha, Espanha e Portugal. Pelo mundo, 82% dos entrevistados já testemunharam alguma forma de discriminação no trabalho. O resultado mostra que, mesmo com leis existentes, a discriminação ainda é forte. Nesses países, os funcionários mencionam a aparência física em primeiro lugar (46%), seguida da idade (42%), racismo (41%) e gênero (38%).
Revela, ainda, que 63% dos colaboradores que participaram do levantamento disseram que já sofreram com pelo menos uma forma de discriminação. Em sua maioria, os atos são realizados primeiro por colegas e depois por gerentes diretos.
SINDICATOS DE OLHO
Segundo Jairo Araújo, dirigente do Sindicato dos Comerciários de Itabuna e Região, e presidente da FEC Bahia, o racismo no mundo do trabalho tem sido alvo de atenção do movimento sindical. Muitas entidades criaram secretarias ou departamentos referentes ao tema. “O Brasil foi o último país das américas a abolir a escravidão, após 350 anos. Isso produziu uma consciência de discriminação, preconceito e violência contra a população negra e afrodescendente, até os dias atuais. E o mercado de trabalho, também, é um espaço que reproduz as desigualdades existentes em nossa sociedade”, afirma.
Ainda de acordo com o sindicalista, é fundamental se combater o racismo estrutural, “baseado na naturalização de ações, ideias e comportamentos que estruturam, em todos os espaços, o preconceito racial contra os negros”. Ele ressalta que muitos sindicatos já tratam isso nas negociações de campanha salarial, colocando cláusulas para promoção de ações para a igualdade. “Hoje, celebramos a memória de Zumbi dos Palmares e todos que lutam contra o racismo. Precisamos de mais políticas de ações afirmativas nas empresas para rever essa realidade. São novos desafios colocados e que precisamos vencer”, destaca.
MAIS NÚMEROS DA DESIGUALDADE
Com base nos dados do segundo trimestre de 2023, da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) do IBGE, o Dieese (Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos) mostra a desigualdade em números e como o mercado de trabalho ainda é espaço de reprodução da desigualdade racial.
SALÁRIOS
Mulheres ganhavam 38,4% menos que mulheres não negras, que ganhavam 52,5% menos que homens não negros e e 20,4% menos que homens negros. Estes ganhavam 40,2% menos que homens não negros e 22,5% menos que mulheres não negras.
CARGOS
Embora representem 56,1% da população em idade de trabalhar, os negros ocupavam apenas 33,7% dos cargos de direção e gerência. Ou seja, um em cada 48 trabalhadores negros ocupa função de gerência, enquanto entre os homens não negros, a proporção é de um para 18 trabalhadores.
OCUPAÇÃO
Entre os desocupados, 65,1% eram negros. A taxa de desocupação das mulheres negras é de 11,7%, mesmo percentual de um dos piores momentos enfrentados pelas pessoas não negras: a pandemia. A taxa de desocupação dos não negros está em 6,3% no 2o trimestre de 2023. Quase metade (46%) dos negros estava em trabalhos desprotegidos. Entre os não negros, essa proporção era de 34%. Uma em cada seis (16%) mulheres negras ocupadas trabalha como empregada doméstica.
com informações da FEC Bahia e Dieese
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