O Ministério Público Federal (MPF) vai analisar a existência de crime na mensagem difundida pela Igreja Universal nas redes sociais, sobre um casal de fiéis curado do HIV, vírus que causa a Aids, “através da fé”. A publicação foi feita no Instagram e no Facebook da igreja no dia 15. A informação é da Folha de S.Paulo.
Segundo a postagem, o casal não aceitou realizar o tratamento contra o HIV e, após fazer a chamada “corrente dos 70”, conseguiu “a cura”. “Manoel e Rosemeire foram infectados com o vírus HIV, causando sintomas como tontura, fraqueza, falta de apetite e feridas no corpo. O casal não aceitou viver de tratamento, fizeram a Corrente dos 70 sabendo que a cura viria através da fé colocada em prática e, com a certeza de que, o tempo de milagres não acabou. Hoje, eles estão curados”, diz a publicação.
Após a repercussão, o Foaesp (Fórum das ONG/Aids do estado de São Paulo) fez uma manifestação no MPF (Ministério Público Federal) solcitou ao MPF que instaure um “procedimento a respeito da divulgação de informações falsas referente ao tratamento do HIV/Aids, e que podem levar pessoas a desistirem dos seus tratamentos médicos, e como consequência irem a óbito após a manifestação da doença”.
TRATAMENTO CLÍNICO
O médico infectologista do Instituto de Infectologia do Emílio Ribas Jamal Suleiman reforça que “os pacientes soropositivos não devem abandonar os tratamentos, pois são justamente os medicamentos que levam progressivamente à indetectabilidade da carga viral no organismo”.
Segundo ele, com o tratamento contínuo, soropositivos podem ter uma vida “absolutamente normal” do ponto de vista da saúde mental e física, pois saem da zona de risco para infecções oportunistas e, além disso, podem conquistar uma vida sexual plena, uma vez que com a carga viral indetectável, não colocam o parceiro em risco de infecção.
Em nota, a Universal declara que “lamenta a exploração sensacionalista que a imprensa faz de um testemunho espontâneo de um casal, que anunciou ter sido curado de uma grave doença pela fé”. A instituição afirma que sempre alerta os fiéis que os tratamentos médicos jamais devem ser ignorados e que existem “inúmeros” estudos comprovando que a fé ajuda na cura dos enfermos.
A reportagem da Folha não conseguiu localizar o casal identificado como Manoel e Rosemeire para comentar as declarações.
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