Novo boletim divulgado nesta quarta-feira (16) mostra que a cobertura média nacional entre crianças de 5 a 11 anos é de apenas 21%. Fundação cita fake news como o principal motivo para os pais não vacinarem os filhos
Pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz consideram arriscado o retorno das atividades presenciais nas escolas, após a vacinação contra a Covid-19 no país atingir somente 21% das crianças de 5 a 11 anos de idade. A preocupação foi divulgada nesta quarta-feira (16) através de uma nota técnica do Observatório Covid-19.
“Nossa principal preocupação atualmente é garantir que a vacinação progrida entre as crianças para que o retorno presencial ocorra de forma segura. Depois de dois anos apenas com atividades remotas, o prejuízo para este grupo é grande. Em curto prazo, porque impacta negativamente a saúde mental de pessoas que fazem seus ritos de socialização a partir da escola. Em longo prazo, pois o ensino remoto, de alguma forma, aumentou as disparidades no acesso ao ensino, e isso irá impactar toda a geração em idade escolar atualmente.
O retorno num contexto de baixa cobertura vacinal traz risco para todos: para as crianças, que hoje representam um grupo com grande vulnerabilidade; e os adultos, que voltam a algumas atividades que dão suporte às atividades escolares, principalmente serviços e comércio”, explicou Raphael Guimarães, pesquisador da Fiocruz e coordenador da nota técnica.
O principal motivo para a lentidão na cobertura vacinal, segundo os pesquisadores, é a difusão de notícias falsas, que tem provocado resistência das famílias sobre a eficácia e segurança da imunização.
Membros do observatório da Fiocruz alertaram ainda que os não-vacinados se tornam particularmente vulneráveis à infecção e à disseminação do vírus, inclusive entre outros grupos etários. Por isso, a instituição pede pela articulação de todas as esferas de gestão para a expansão da cobertura vacinal no país.
“Trata-se de um receio seletivo para a vacina contra a Covid-19. Mais do que nunca, cabe o devido esclarecimento à sociedade civil, com linguagem simples e acessível sobre a importância, efetividade e segurança das vacinas, envolvendo a responsabilidade de todos os níveis de gestão da saúde no país”, destaca o documento.
O estado do Amapá tem apenas 5,3% das crianças de 5 a 11 anos vacinadas contra a covid-19. O número representa o pior desempenho dos estados brasileiros.
Já a maior taxa observada pela Fiocruz foi no Distrito Federal, que tem 34,6% das crianças imunizadas. Outras seis unidades federativas possuem cobertura de primeira dose maior que a média nacional: Rio Grande do Norte (32,6%), Paraná (28,6%), São Paulo (28,1%), Sergipe (23,9%), Rio Grande do Sul (23,2%) e Espírito Santo (21,9%).
Entre as capitais, a nota técnica destacou pelo menos 10 que estão abaixo da marca do país: Macapá e Campo Grande aparecem com o pior índice, de apenas 1,6% de crianças vacinadas. Depois vem Recife (1,9%), Rio Branco (6,9%), Teresina (8,4%), Cuiabá (15,7%), João Pessoa (15,8%), Porto Velho (16%), Belo Horizonte (18,4%) e Boa Vista (20,6%).
O documento aponta ainda que a cobertura vacinal de primeira dose é diretamente proporcional e maior nos estados onde a expectativa de vida e o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) são também maiores.
Ao contrário disso, a cobertura vacinal de primeira dose é menor onde há maior desigualdade de renda, pobreza e internações por condições sensíveis à atenção primária. E nos locais em que a proporção de crianças de 5 a 11 anos é maior, há menor cobertura vacinal de primeira dose entre este grupo
Com informação CNN Brasil
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