A luta por dignidade menstrual ganhou o reforço de uma descoberta que as mulheres e a natureza agradecem. As alunas Camily Pereira dos Santos e Laura Nedel Drebes, que cursam o ensino médio no Instituto Federal do Rio Grande do Sul, em Osório (RS), criaram um absorvente biodegradável com um custo de apenas R$ 0,02.
O produto foi desenvolvido por Camily, sob orientação da professora Flávia Twardowski, para a Feira Brasileira de Ciências e Engenharia (Febrace), realizada em março. A ideia surgiu quando ela descobriu que sua mãe, quando adolescente, não tinha acesso a absorventes e precisava recorrer a outros métodos durante seu período menstrual. Incomodada por essa ser a situação de muitas mulheres até hoje, ela se juntou à colega Laura para criar um produto com baixo custo.
“Mulheres usam uma média de 10 mil absorventes na vida, que demoram de 100 a 500 anos para se decompor em função dos componentes plástico e aditivos químicos. Mas a menstruação ecologicamente correta ainda é um luxo”, explica Camily. A partir dai, elas começaram a procurar formas de colocar a ideia em prática. Com base em uma pesquisa bibliográfica, as jovens contam que encontraram materiais que eram desperdiçados pelas empresas e que tinham um alto grau de absorção.
PROTÓTIPO
Depois de um ano de estudo, elas chegaram a um protótipo. O algodão foi substituído por dois tipos resíduos da agroindústria, a fibra do caule da bananeira e do açaí de juçara. Envolvendo o algodão, há um bioplástico, feito com resíduos de cápsulas de medicamentos da indústria nutracêutica. Por fim, o invólucro do produto é costurado com retalhos de tecidos das costureiras locais.
Segundo testes feitos pelas estudantes, o produto final tem poder de absorção muito maior e um custo de R$ 0,02, 95% mais barato do que o comercial. Nesse valor, já incluídos os custos diretos e indiretos da fabricação.
Camily e Laura contam que não pretendem parar com aí. “Nossa meta é criar uma cooperativa para a produção do absorvente”, explica Camily. “Entramos em contato com empresas, que assim como a nossa comunidade também serão beneficiadas, verificamos que o investimento é de R$ 5 mil para as empresas. Isso contribui com a promoção de suas ações sociais. Para as mulheres, essa iniciativa é de suma importância para promover o pertencimento na comunidade, a geração de empregos e o empreendedorismo sustentável”, finaliza.
com informações do Metropóles
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