Diretor executivo do ‘Todos pela Educação’, instituição que atua no fomento à educação básica, Olavo Nogueira Filho, conversou com Zé Eduardo sobre o PL 2401/19 que regulamenta o ensino domiciliar no Brasil. Para o especialista, o momento é inoportuno para a discussão do tema. “É inacreditável que estejamos debatendo este tema neste momento.
Dois anos de pandemia, com escolas praticamente fechadas durante todo esse tempo, gerando impactos muito graves em todos os jovens, de ordem educacional ou não. Toda nossa atenção deveria estar centrada nessa agenda, de como fortalecer as escolas, e os ensinos. E estamos indo no sentido contrário”, afirmou.
Segundo Osvaldo, na imensa maioria dos países em que o ensino domiciliar é regulamentado, a modalidade existe para cobrir exceções e dar a opção de educação domiciliar para famílias impedidas de enviar seus filhos à escola. Seriam exemplos de exceções famílias itinerantes, como as de circo ou que vivem embarcadas, ou que tem situações como doenças graves das crianças. “No Brasil o projeto não regulamenta para a excepcionalidade, não para quem precisa, mas para quem quer, e isso abre uma porta para uma série de riscos para as crianças e o sistema educacional brasileiro”, criticou.
Entre as principais críticas do projeto, aprovado na Câmara dos Deputados na última quarta-feira (18), está em prejuízos não só educacionais, mas também sociais para as crianças. “A escola tem uma importância imensa como um elemento de socialização e o desenvolvimento de uma série de valores, que apenas no convívio com o diferente é possível desenvolver.
Pluralidade de idades, entendimento da diversidade como um valor, estímulo a valores democráticos, à tolerância, respeito ao próximo. São valores que se constroem na interação. A escola é o melhor lugar para que isso aconteça”, defendeu, chamando atenção, ainda, para o papel da escola enquanto mecanismo de identificação de casos de violência doméstica contra crianças e adolescentes.
Por fim, Osvaldo criticou a forma como o projeto encara a educação e regulamenta a comprovação da educação feita em casa. “É inegável que temos desafios imensos na nossa educação mas o caminho não é apontar para o ensino domiciliar. Precisamos nos questionar como fazemos para a escola realmente desenvolver os jovens, não apenas fazer provas e ir bem. A educação é muito mais ampla que isso”, finalizou Osvaldo.
Com informações Metro1
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