Editor responsável pelo site Bahia Econômica, o economista Armando Avena faz boas projeções para a economia no tercerio governo de Lula (PT). Para o jornalista, escritor, membro da Academia de Letras da Bahia e professor da Ufba, “a eleição de Luís Inácio Lula da Silva traz bons ventos para a economia brasileira. É preciso, naturalmente, esperar a definição dos nomes que vão compor a equipe econômica para avaliar que caminhos que serão seguidos”.
Avena se baseita nas gestões de Lula, entre 2003 e 2010. “Olhando para trás, pode-se se afirmar que a política econômica nos dois governos de Lula foram de estímulo ao crescimento econômico, mesmo com a crise de 2008 praticamente paralisando o planeta. Os oito anos do governo Lula registrou crescimento médio de 4,1% e a renda per capita teve um aumento médio de quase 3%. E isso foi possível por conta da inserção no mercado consumidor de milhões de pessoas, criando a famosa “Classe C”, que ampliou o mercado de consumo brasileiro e com isso dinamizou indústria, comércio, serviços e turismo. Naturalmente, no atual quadro da economia brasileira não será tão fácil fazer isso, antes de qualquer coisa será preciso restabelecer a higidez fiscal e reelaborar o orçamento de 2023, o que exige negociação com o Congresso Nacional”, pondera.
Segundo o economista, será necessário viabilizar uma nova âncora fiscal para substituir o teto de gastos e garantir um “waiver” temporário, uma licença para gastar acima do teto. “Isso será necessário para viabilizar o Auxílio Brasil de 600 reais, o pagamento adicional de R$ 150,00 por criança de até seis anos, a isenção da tabela do Imposto de renda para R$ 5 mil e o reajuste do salário mínimo acima da inflação. Há quem diga que o mercado sanciona gastos até o limite de R$ 100 bilhões, mas acima disso haveria comprometimento da solidez fiscal. Será preciso também realocar os R$ 20 bilhões do famigerado orçamento secreto e isso pode ser feito diretamente ou tornando as emendas impositivas por parte do governo de forma a direcioná-las para setores como saúde e educação. Será imprescindível apresentar imediatamente o arcabouço fiscal do país e com isso estimular a queda da inflação e a lenta redução dos juros”, aponta.
O professor diz que é preciso, por outro lado, desarmar o nó nas finanças de estados e municípios. “Com uma solução para a redução do ICMS de energia e combustíveis que, ser for mantida, demandará uma nova política de preços para a Petrobras pois, como previu este economista diversas vezes, o preço da gasolina já está subindo. De todo modo, o passado joga a favor de Lula, pois seus governos anteriores foram marcados por realismo fiscal, estabilidade econômica e crescimento do PIB. Muitas dúvidas ainda pairam no ar, inclusive com relação a política de investimentos já que o presidente eleito prometeu o reestabelecimento do PAC – Programa de Aceleração do Crescimento, mas será preciso definir de onde virão os recursos para sua implantação”, pontua.
Armando Avena conclui destacando o vice de Lula. “Traz tranquilidade para o mercado a escolha de Geraldo Alckmin para ser o coordenador geral da transição, afinal, com ele não há hipótese de aventuras no campo orçamentário”, enfatiza.
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