Em seu boletim nº 31, publicado em dezembro, o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos (Dieese) avaliou as perspectivas para o Brasil e a classe trabalhadora em 2022. Isso, a partir da da tímida recuperação da economia em 2021, com baixo dinamismo, sem gerar postos de trabalho suficientes e de qualidade e a alta da inflação, que corrói o poder de compra da população. Além disso, a indústria de transformação não apresentou qualquer resultado positivo em 2021, também na comparação trimestral.
O órgão destaca as incertezas no plano internacional, diante dos riscos da nova variante do coronavírus, e a equivocada política econômica do governo federal apontando que 2022 será “mais do mesmo”, com baixo crescimento e inflação ainda em patamar elevado. Avalia-se que, em um cenário otimista, o PIB poderá crescer em torno de 1,4% e, em um cenário pessimista, poderá cair até 1,5%. No momento, o cenário indica crescimento zero (0%) esse ano.
Além disso, avalia o Dieese, o investimento público – que também poderia ser uma alavanca para o crescimento econômico – não parece estar na rota do governo federal. Soma-se o desmonte do Programa Bolsa Família, com o número recorde de famílias inscritas no CadÚnico em situação de extrema pobreza (15,1 milhões em setembro de 2021), aumento de 16,3% em relação a janeiro de 2019, quando eram 13,0 milhões de famílias.
LEIS TRABALHISTAS EM PERIGO
O Dieese chama atenção para o fato de o governo preparar nova mexida na legislação trabalhista. O relatório construído pelo Ministério do Trabalho e Previdência, sem participação do movimento sindical e divulgado em novembro, está pronto para se transformar em projetos de lei no Congresso Nacional. As propostas aprofundam a reforma trabalhista, retirando direitos e garantindo proteção jurídica às empresas. As medidas aumentam a informalidade e a precarização, trazem insegurança jurídica à classe trabalhadora e reduzem o papel dos sindicatos.
Entre as propostas estão: a proibição do reconhecimento de vínculo de emprego entre prestadores de serviço e aplicativos; acordo entre trabalhadores e patrões para o trabalho aos domingos; alteração de mais de 330 dispositivos da legislação trabalhista. Segundo o Dieese, ao invés de estimular o crescimento da economia, com investimentos, transferências de renda e valorização do trabalho, o governo aposta na retirada de direitos e desproteção dos trabalhadores para uma suposta geração de renda e trabalho no país.
O CAMINHO
Ao final, o Dieese defende que é urgente a retomada do caminho do crescimento econômico com redução da desigualdade social e preservação do meio ambiente. Até as eleições de outubro de 2022, há muitas lutas a serem travadas em defesa dos direitos sociais e trabalhistas para impedir ainda mais retrocessos. O vigor dessas lutas e a ousadia do movimento sindical em propor caminhos para o Brasil do futuro serão decisivos.
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