Quando se tem alguma polêmica na política, é bom ir com calma e analisar o conjunto dos fatos. Começam a aparecer outras peças do xadrez que envolve a ofensiva da direita contra o ministro do STF, Alexandre de Moraes. Agora, descobriu-se que o celular de um ex-assessor do magistrado foi apreendido pela polícia do governador de São Paulo e bolsonarista Tarcísio de Freitas. O fato ocorreu durante prisão por violência doméstica, que foi antecipada pela deputada bolsonarista Carla Zambelli (PL-SP) nas redes sociais.
Ela é ré no STF por mandar fabricar um pedido de prisão de Alexandre de Moraes – colocado pelo ‘hacker’ Walter Delgatti no site do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). E pode estar associada ao recente ataque ao ministro, alvo de denúncias, até o momento, vazias em reportagens da Folha de S.Paulo com Glenn Greenwald.
As “denúncias” reveladas se baseiam o vazamento de conversas os assessores diretos de Moraes: Airton Vieira e Eduardo Tagliaferro. Este último foi detido por violência doméstica contra a esposa no dia 8 de maio de 2023, em São Paulo. No dia seguinte, ele foi exonerado por Moraes “devido sua prisão em flagrante por violência doméstica e aguardará a rigorosa apuração dos fatos”.
CONEXÃO DE FATOS
Nos bastidores da questão, há duas hipóteses sobre o vazamento dos diálogos, que estariam no celular de Tagliaferro. Uma delas é uma possível “vingança” do ex-assessor de Moraes pela demissão. Segundo o jornal, ele teria dito que que não se manifestará, mas que “cumpria todas as ordens que me eram dadas e não me recordo de ter cometido qualquer ilegalidade”.
A outra envolve Carla Zambelli e a polícia de Tarcísio de Freitas, que afirmou que a denúncia da Folha “é um caso que tem que ser apurado com todo rigor e ter as consequências necessárias”. Na época da prisão, Zambelli postou: “A imprensa está querendo esconder, mas já temos gente nossa na porta da delegacia, esperando ele sair. Mais tarde darei notícias”, diz a publicação, resgatada pelos jornalistas Rodrigo Vianna, do ICL, e Pedro Zambarda, do DCM. Às 9h03 do mesmo dia, Zambelli publica foto de Tagliaferro dentro do camburão, algemado e indaga: “O xerife das fake News. A pergunta que não sei responder e já fiz um pedido de informações: ele ainda está trabalhando para o ministro Alexandre de Moraes?”.
Para tentar esclarecer, a Revista Fórum fez contato com a assessoria da Secretaria de Segurança Pública de São Paulo e indagou se o celular de Tagliaferro havia sido apreendido na ocasião. A resposta foi evasiva: “O caso citado foi investigado por meio de inquérito policial instaurado pela Delegacia de Caieiras e relatado ao Poder Judiciário em maio de 2023. O autor foi solto no dia seguinte à sua prisão em audiência de custódia. Demais detalhes devem ser solicitados ao Poder Judiciário”.
Mas, o boletim de ocorrência (de 12 de maio – 3 dias após o ocorrido) mostra que o celular do ex-assessor de Moraes foi apreendido. O iPhone de Tagliaferro foi devolvido no dia 15 de maio. Portanto, o aparelho ficou sob a responsabilidade da Polícia Civil durante 6 dias. Resta saber: Quem antecipou as informações e forneceu sobre a prisão de Tagliaferro a Carla Zambelli? O que foi feito com o celular de Tagliaferro? Dele teria partido, um ano e três meses depois, o arquivo repassado à Folha e a Glenn Greenwald no mais novo ataque a Moraes.
com informações da Revista Fórum
Compartilhe no WhatsApp
Comments