O Brasil está debatendo, como nunca antes fez, a jornada de trabalho. Isso por conta da PEC que acaba a escala de trabalho 6×1 e propõe a redução da jornada de trabalho sem diminuição salarial. Proposta pela deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP) e a baiana Alice Portugal (PCdoB) como coautora, a matéria conseguiu as assinaturas necessárias e já tramita na Câmara Federal.
Em Itabuna, o debate aconteceu no Podcast Café Ipolítica, apresentado por Naty Almeida e Ricky Mascarenhas. Na noite desta segunda (18), discutiram o tema o dirigente do Sindicato dos Comerciários e presidente da FEC Bahia, Jairo Araújo, e Adauto Vieira, presidente do sindicato patronal, o Sindicom.
Segundo Jairo, a PEC faz o País tratar da jornada de trabalho humanizada e de qualidade de vida para quem trabalha. “Por isso já são mais de 3 milhões de assinaturas na petição pública a favor da PEC. Na Câmara, foram mais de 200 parlamentares que assinaram para a matéria começar a tramitar”, pontuou.
Vieira afirmou que as empresas não vão aguentar. “Temos a questão tributária sem avançar e que ainda não reduziu carga de impostos para as empresas, que teriam que contratar mais pessoas. Observamos que os comissionados perderão renda se tiverem só 4 ou 5 dias de vendas na semana. Precisamos fazer com que o trabalhador tenha uma remuneração maior, e por produção”, destacou.
Jairo lembrou que o discurso das elites contrário a qualquer transformação nas relações de trabalho. “Sempre disseram que qualquer mudança para melhorar a vida dos trabalhadores e das trabalhadoras quebra a economia, o país e as empresas. Muitos países onde várias empresas já adotam a jornada de 4 dias de trabalho viram a produtividade aumentar. Lembro aos empresários que, se você tem mais pessoas empregadas, há mais dinheiro comprando no comércio e movimentando a economia”, frisou.
MAIS DEBATE E SAÚDE
O presidente do Sindicom defendeu maior aprofundamento do debate. “A PEC não aponta, por exemplo, como compensar as empresas caso seja adotada uma nova escala com redução da jornada. Agora que a Câmara começa tratar a matéria, devemos ter mais debates e é importante ouvir as organizações empresariais, pois conhecem a realidade dentro das empresas”, defendeu.
Para o presidente da FEC, o trabalho não pode ser instrumento de tortura e adoecimento. “Estamos vendo uma grande incidência de doenças do trabalho, como estresse, fadiga, ansiedade e, até, depressão. O trabalhador e a trabalhadora precisam ter o direito de sonhar com um vida mais digna. Com a escala 6×1, qual o tempo que se tem para estudar, se qualificar, ter lazer e acompanhar o desenvolvimento dos filhos? Esse é um debate civilizatório, sobre trabalho e vida digna. Chegou a hora do Brasil tratar o tema. O Congresso começou a debater e o movimento sindical vai mobilizar suas categorias para garantir esse avanço que a PEC propõe”, enfatizou.
Compartilhe no WhatsApp
Comments