Reduzir em 1% a parcela da população que vive na extrema pobreza (renda familiar mensal abaixo de R$ 70 por pessoa) significa diminuir o desmatamento em 4%. Essa é uma das associações destacadas no estudo “O Combate à Pobreza Pode Contribuir com o Fim do Desmatamento no Brasil?”, do Instituto Escolhas.
O estudo mostra ainda que, quando se trata do grupo em situação de pobreza (renda familiar mensal inferior a R$ 140 por pessoa), a proporção é de 1% de queda para a preservação de 29 mil hectares. Garantir carteira assinada a trabalhadores é uma ação de impacto ambiental. Ao se aumentar 1% o índice de emprego formal, há possibilidade de se reduzir o desmatamento em 8,2%.
Com os resultados, a pesquisa contesta a suposição de que pessoas de baixa renda seriam um dos principais agentes de desmatamento, em troca de seu sustento. Para o instituto, tal afirmação desconsidera “que são muitos e diversos os indivíduos e grupos que promovem a derrubada da vegetação nativa, seja de forma legal ou ilegal”.
“Muitos estudos já foram realizados nesse sentido. Parte deles identificou que não existe relação unívoca entre pobreza e desmatamento. Em alguns casos, a falta de recursos financeiros leva à proteção das florestas, uma vez que essas populações se organizam com base em economias não conectadas aos mercados consumidores”, aponta o relatório.
POLÍTICAS ARTICULADAS E REGIONAIS
A pesquisa constata ainda que há diferença entre se implementar políticas articuladas. “Ao considerar os efeitos da redução da pobreza e do aumento da oferta de empregos nos municípios vizinhos, a análise espacial mostra que tais políticas públicas sociais devem ser promovidas regionalmente para aumentar o potencial de redução do desmatamento”. “Políticas isoladas tendem a ser pouco eficazes, devido à abrangência e conexão dos fatores associados ao desmatamento entre os municípios como, por exemplo, migração da mão de obra.”
Os pesquisadores cruzaram dados do período de 2012 a 2019, de diversas fontes, como o IBGE, Ministério da Cidadania, Projeto de Mapeamento Anual do Uso e Cobertura da Terra no Brasil (MapBiomas) e o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged).
com informações da Agência Brasil
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