Em depoimento ao Supremo Tribunal Federal (SFF), o ex-ajudande de ordens do então presidente Jair Bolsonaro, Mauro Cid, confirmou que esteve em uma reunião na qual foi apresentado ao ex-presidente um documento que previa a decretação de medidas de estado de sítio e prisão dos ministros do STF e de outras autoridades em 2022,

O acusado também confirmou que recebeu dinheiro do general Braga Netto dentro de uma sacola para que fosse repassado ao major do Exército Rafael de Oliveira, integrante dos kids-pretos, esquadrão de elite da força.

Cid foi o primeiro réu do núcleo 1 da trama golpista a ser interrogado pelo ministro Alexandre de Moraes, relator da ação penal do golpe. Ele confirmou que foram realizadas pelo menos duas reuniões em que Felipe Martins, o ex-assessor de assuntos internacionais de Bolsonaro, levou ao ex-presidente um documento com a proposta golpista para reverter o resultado das eleições de 2022.

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Segundo o militar, Bolsonaro leu a minuta e propôs alterações. “Foi levado esse documento ao presidente. O documento consistia em duas partes. A primeira parte eram os considerandos. Dez, onze, doze páginas, muito robusto. Esses considerandos listavam as possíveis interferências do STF e TSE no governo Bolsonaro e nas eleições. Na segunda parte, entrava em uma área mais jurídica, estado de defesa, estado de sítio e prisão de autoridades”, afirmou.

Mauro Cid disse que, após as alterações feitas por Bolsonaro, a minuta passou a prever somente a prisão de Alexandre de Moraes. “Ele, de certa forma, enxugou o documento. Basicamente, retirando as autoridades das prisões. Somente o senhor [Moraes] ficaria como preso”, completou.

Até a próxima sexta (13), Alexandre de Moraes vai interrogar presencialmente o ex-presidente Jair Bolsonaro, Braga Netto e mais seis réus acusados de participarem de uma trama para impedir a posse do ex-presidente Lula após o resultado das eleições de 2022. A audiência será retomada nesta terça-feira com o depoimento do ex-comandante da Marinha Almir Garnier.

com informações do UOL