Como já se esperava, Jair Bolsonaro (PL) tentou fazer do seu depoimento, nesta terça (10), no Supremo Tribunal Federal (STF), um palanque eleitoral. Sobre a trama golpista da qual é acusado, o ex-presidente negou que estaria envolvido em qualquer golpe, pois seria abominável.
Questionado pelo ministro Alexandre de Moraes, ele afirmou que a acusação da Procuradoria-Geral da República (PGR) não procede e que não teria um motivo particular atribuído à denúncia. E negou ter apoiado o ato de 8 de janeiro de 2023. Segundo Bolsonaro, entre aquelas pessoas, existiam “malucos” que estavam pedindo por um novo AI-5.
Bolsonaro tentou amenizar seu discurso radical sobre as nunca provadas fraudes nas urnas eletrônicas e minimizar a tentativa de golpe, voltando a dizer que teria sempre jogado “dentro das quatro linhas da Constituição”. O ministro Alexandre de Moraes listou várias falas feitas por Bolsonaro e inseridas nos autos do processo, relativas à descredibilização do sistema eleitoral e sobre ilações feitas sobre suposta manipulação em favor do então candidato Lula nas eleições 2022.
O magistrado indagou quais seriam os fundamentos que o ex-presidente teria para alegar que havia fraude no sistema eleitoral. Sem responder diretamente, Bolsonaro disse apenas que em 30 anos como parlamentar, sua “retórica sempre foi parecida com isso” e que “a questão da desconfiança, suspeição ou crítica às urnas não é algo privativo meu”. Para trazer algum lastro de credibilidade para suas ilações nunca provadas, citou outras autoridades que teriam feito questionamento nessa linha.
Ainda sobre a hipótese de o sistema eleitoral ser inauditável e vulnerável a fraudes, Bolsonaro tentou amenizar suas acusações: “Se eu exagerei na retórica, devo ter exagerado, com certeza, mas o meu objetivo sempre foi mais uma camada de proteção para as eleições, de modo que evitasse qualquer conflito, qualquer suspeição”.
PEDIU DESCULPAS
Sobre insinuações suas de que Moraes e outros ministros do Supremo, Edson Fachin e Luís Roberto Barroso teriam sido subornados no processo eleitoral de 2022 no sentido de prejudicá-lo. “Quais eram os indícios que o senhor tinha que nós estaríamos levando U$S 50 milhões, U$S 30 milhões?”, perguntou Moraes.
Bolsonaro recuou: “Não tenho indício nenhum, senhor ministro. Tanto é que era uma reunião para não ser gravada. Um desabafo, uma retórica que eu usei. Se fossem outros três ocupando (os postos nos tribunais) teria falado a mesma coisa. Então, me desculpe, não tinha qualquer intenção de acusar de qualquer desvio de conduta”.
com informações do UOL
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