Crítico do trabalho das ONGs, o presidente Jair Bolsonaro (PL) pensa diferente quando se trata de pessoas ligadas a ele ou a seus filhos políticos. Segundo reportagem do jornal Folha de São Paulo, o governo autorizou repasse de R$ 6,2 milhões a duas organizações não governamentais inativas e recém-assumidas pelo ex-jogador Emerson Sheik e por Daniel Alves, lateral-direito da Seleção Brasileira e do Barcelona.
O jornal diz que, mesmo sem experiência comprovada, essas ONGs tiveram aprovados projetos sobre cursos de esportes, em 2021. Tanto Sheik quanto Dani Alves ignoraram as exigências legais para assinar os convênios, diz o jornal. Isso só foi possível porque eles recorreram às chamadas “ONGs de prateleira”, entidades usadas para driblar a regra que estabelece a necessidade de uma sociedade civil existir há pelo menos três anos para firmar acordos com o governo federal.
Em dezembro de 2019, a ONG ligada a Sheik, o Instituto Qualivida, assinou o convênio com o Governo Federal para a instalação de três núcleos esportivos em Mangaratiba e Queimados, ambos no Rio de Janeiro, pelo valor de R$ 2,7 milhões. Em dezembro de 2019, ele assumiu a entidade que foi fundada há 26 anos, mas nunca realizou projetos sociais de esporte.
A ONG ligada a Daniel Alves, o Instituto DNA, assinou convênio em dezembro, no valor de R$ 3,5 milhões, para instalação de três núcleos de basquete nos estados da Bahia, Pernambuco e também no Distrito Federal. O instituto chamava-se Instituto Liderança até maio do ano passado e estava inativo havia cinco anos, após ter realizado alguns projetos sociais bancados por apoios privados.
Os recursos repassados às organizações têm origem em emendas parlamentares solicitadas por deputados da base do governo. As verbas foram empenhadas (reservada no Orçamento), mas o pagamento ainda não foi realizado.
AMIZADES
Chama atenção as relações de amizade e de trabalho entre os envolvidos. Sheik é amigo do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e da primeira ex-esposa de Jai Bolsonaro, Rogéria, envolvida no escândalo da “rachadinha”.
A verba federal para a ONG de Daniel Alves foi obtida por emenda do relator do Orçamento, a pedido da deputada Celina Leão (PP-DF). Ela emprega em seu gabinete Ana Cristina Valle, ex-mulher de Bolsonaro.
com informações da Folha de S. Paulo
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