A situação de Jair Bolsonaro se complica a cada dia. Agora, a CPI da Covid tem conversas comprometedoras envolvendo o presidente, pessoalmente, na negociação dos imunizantes da AstraZeneca com o policial militar Luiz Paulo Dominguetti e o reverendo Amilton Gomes de Paula. A revelação é do site O Antagonista.
Em 8 de março, Dominguetti, que se dizia representante da empresa Davati, conversou com um contato identificado em seu celular como “Rafael Compra Deskartpak”. Dominguetti reencaminhou para o interlocutor quatro mensagens que diziam no todo o seguinte: “Manda o SGS. Urgente. O Bolsonaro está pedindo. Agora”.
Segundo o site, “SGS” é um certificado que garante que o produto – no caso, as supostas vacinas – passou por todas as etapas dos processos exigidos por órgãos reguladores. Integrantes da CPI entendem que o autor dessas mensagens enviadas a Dominguetti e reencaminhadas a “Rafael Compra Deskartpak” pode ser o reverendo Amilton, apontado como o intermediário entre Dominguetti e o Planalto.
O interlocutor “Rafael Compra Deskartpak” respondeu: “Dominghetti, agora são 5 da manhã no Texas [sede da Davati nos Estados Unidos]. E outra! Jamais será enviado uma SGS sem contrato assinado”. O policial militar, então, escreveu: “Vamo alinhar com reverendo”.
“O PRESIDENTE TÁ APERTANDO”
No mesmo dia, Dominguetti pressionou o interlocutor para que fosse realizada uma reunião com o presidente da Davati nos Estados Unidos, Herman Cárdenas. “O reverendo está em uma situação difícil neste momento. Ofereceu a vacina no ministério. Presidente chamou ele lá”, escreveu o policial militar.
Em seguida, Dominguetti insistiu: “O presidente tá apertando o reverendo. Ele.ta ganhando tempo. Tem um pessoal da presidência lá para buscar o reverendo”. O contato “Rafael Compra Deskartpak” voltou a dizer que está cobrando os documentos dos representantes da Davati.
O reverendo Amilton escreveu uma carta ao CEO da Davati nos EUA, pedindo, com a máxima urgência, uma cópia do certificado “SGS” – uma imagem da carta também aparece nas mensagens do celular apreendido com Dominguetti. Nos dias seguintes, Dominguetti citou em mensagens uma nova reunião com o presidente da República, que também teria sido articulada pelo reverendo Amilton, fora da agenda oficial de Bolsonaro.
Convocado a depor, o reverendo Amilton apresentou, nesta segunda (12), atestado médico para não comparecer à CPI nesta quarta (14). O presidente do colegiado, Omar Aziz (PSD), disse que vai esperar a validação do atestado antes de reagendar o depoimento.
Compartilhe no WhatsApp
Comments