Um velho ditado popular está em alta no governo Bolsonaro, mas com uma nova roupagem nada republicana: “aos amigos, tudo. Para obras em escolas, nada”. Isso porque o governo travou a liberação de R$ 434 milhões destinadas a obras em escolas de prefeituras de municípios em todo o País. Mas, liberou recursos para a educação, via Ministério da Educação, para aliados.
A informação é da reportagem da Folha de S. Paulo, nesta terça (19), que obteve os dados por meio da Lei de Acesso à Informação. Segundo o jornal, 1.780 obras de 1.369 prefeituras estão aptas a receber valores, mas a União não faz as transferências. Enquanto isso, aliados do governo, como os pastores Arilton Moura e Gilmar Santos, obtinham as verbas através de pedidos de propina no caso mais recente de corrupção envolvendo o governo que veio à tona.
Um exemplo é em Campo Largo do Piauí (PI), onde uma creche que deveria atender crianças do município está parada com 62% da obra executada. O Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), ligado ao MEC, deve R$ 650 mil para a prefeitura da cidade.
O principal Estado com municípios que deveriam receber recursos do governo é o Ceará, com 11% dos valores devidos. Ano passado, as prefeituras receberam apenas 7% do que foi acordado. Esse ano, essa porcentagem caiu para apenas 2,6%.
ESCÂNDALO
Arilton Moura e Gilmar Santos faziam parte do “gabinete paralelo”, suspeito de agilizar liberação de verbas para prefeituras em troca de propina. Com o intermédio dos pastores, vários pedidos de prefeitos acabaram sendo atendidos em tempo recorde, especialmente em casos que envolvem prefeituras controladas por partidos que compõem a base do governo, como PL e Republicanos.
Essa “farra dos pastores” provocou a queda do então ministro da Educação, Milton Ribeiro, que pediu exoneração em 28 de março. Sua situação ficou ainda mais frágil após a revelação de um áudio em que ele admitia que favorecia os pastores – que não tinham vínculo oficial com o ministério – a pedido de Bolsonaro.
com informações da Deutsche Welle, Estadão e Reuters
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